segunda-feira, 1 de julho de 2013

Seedorf

Um ano após assinar contrato, Seedorf dá o tom no campo, mas entraves barram retorno financeiro

Sem Engenhão e com calendário apertado, Botafogo não conseguiu reverter presença do craque internacional em receitas para o clube


Ídolo sem nem pisar no gramado, Seedorf chegou ao Brasil no dia 6 de julho e levou centenas de torcedores do Botafogo ao aeroporto do Galeão. (Foto: Fernando Soutello/AGIF)

Há um ano, o desdém dos rivais e todas as dúvidas ficaram pelo caminho. Após longa negociação, o Botafogo assinava contrato com o holandês Clarence Seedorf. Craque do Ajax, Milan e Real Madrid, o meia, campeão de quatro Liga dos Campeões, acertava com o time da Estrela Solitária, mantendo a tradição de atletas talentosos em General Severiano (veja galeria de fotos com momentos do craque no Alvinegro acima).

A expectativa pela chegada de Seedorf, rapidamente apelidado de Sidão pela torcida alvinegra, era enorme. Missionário da bola, como o próprio se define, a contratação do armador nascido no Suriname era a promessa de gols, títulos e, fora de campo, explosão das receitas do Botafogo com ações de marketing envolvendo o craque.

No gramado, o camisa 10 foi tudo que dele se esperava. Desfilando talento e classe por todos os campos em que passou, o holandês foi (e ainda é) o cérebro do meio-campo do Glorioso. Ao todo, já são 44 jogos com o manto alvinegro, 17 gols marcados e quatro assistências. Além disso, são 23 vitórias e nove empates, alcançando aproveitamento de 59%, que ajudaram na conquista incontestável do Campeonato Cariocas no primeiro semestre.

Contudo, os números não explicam nem a metade da importância de Clarence para o time do Botafogo. Líder por natureza, o holandês, do alto de seus 37 anos, embalou uma geração de ouro da base alvinegra. Desde sua chegada, quatro jovens de Marechal Hermes despontaram no time de cima: o zagueiro Dória, os volantes Gabriel e Jádson e, principalmente, o companheiro de armação, Vitinho.

Com o bom desempenho, o quarteto despertou o interesse de equipes estrangeiras, sendo que Jádson já rumou para a Udinese, da Itália. Os rumores sobre a saída dos demais, por sinal, ajudam a explicar a outra faceta de Seedorf, menos aproveitada pelo Botafogo. Dono de um dos departamentos de marketing mais ativos do futebol brasileiro, o Alvinegro apostou no reconhecimento internacional do holandês para angariar fundos.

Engenhão e calendário complicam geração de receitas com craque

Os objetivos, porém, bateram na trave por questões conjunturais contra as quais o clube nada pode fazer. Em primeiro lugar, o apertado calendário nacional - ainda mais constrangido este ano devido a Copa das Confederações - impediu que a equipe agendasse excursões para fora do país, em apresentações que certamente atrairiam público e renda apenas pela presença de Seedorf.

Além disso, a interdição do Engenhão, que só reabre, a princípio, em meados de 2015, acabou travando o crescimento do programa de sócio-torcedor do clube, atualmente o pior do Rio de Janeiro e 16º no ranking nacional, com pouco mais de 7.000 associados, e ainda impediu o Botafogo de assinar contrato de naming rights, que, segundo informações, giraria em torno de R$ 30 milhões, com a Volkswagen.

Em dificuldades financeiras, o elenco que encantou o país com futebol dinâmico e toque de bola envolvente nos primeiros meses da temporada pode acabar passando por desmanche durante a janela de transferências. Até o momento, os meias Fellype Gabriel e Andrezinho já acertaram suas saídas e outros atletas, casos de Jéfferson, Dória e Vitinho, também podem mudar de ares sem que o clube tenha condições de bancar suas permanências.

Apesar dos pesares, o balanço da contratação de Seedorf é bastante positivo. Ídolo da torcida desde o momento em que desembarcou no Rio de Janeiro, levando centenas de alvinegros ao aeroporto internacional do Galeão numa sexta-feira à noite, Clarence Clyde Seedorf já passou para a história do Botafogo com seu respeito à institução, seu talento e gols que ainda devem perdurar por, no mínimo, mais um ano como o que passou.

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